Resenha: O aliciador (Donato Carrisi)
LIVRO: O ALICIADOR
AUTOR: DONATO CARRISI
EDITORA RECORD
Esse livro estava na minha lista há muito tempo, muito tempo mesmo e não sei o por quê dele ir ficando para depois se é um enredo que me agrada. A única coisa que tenho para lamentar é o fato de ter empurrado a leitura por todo esse tempo. É uma história super envolvente, nada linear e que muitas vezes dá uma sensação de tontura, porque muda tudo que você pensava muito rapidamente. Tudo que acreditava, tudo que jurava ser a verdade, as personagens que iam sendo incluídas e acreditava, ou não, nos seus depoimentos; tudo muda e te deixa com a sensação de que perdeu alguma coisa e quer voltar alguns parágrafos para tentar entender. E ver que não perdeu nada, está tudo lá. A questão é que acreditava nos fatos errados, nas pessoas erradas e continua lendo e quando nota o livro acabou. E dá vontade de ler de novo. Eu reli os três últimos capítulos por não querer acreditar no que o autor fez. Isso parece ruim? Não é! É ótimo ser surpreendida se a história no final se costura perfeitamente, e é esse o caso desse livro.
Existe uma personagem "principal", a Mila Vasquez. Ela nos leva a conhecer os outros personagens e o caso em que estão trabalhando e no qual ela foi convocada a ajudar, uma vez que é uma especialista em traçar perfis psicológicos e encontrar crianças desaparecidas. Coloquei o principal entre aspas porque os outros personagens também tem a participação bem desenvolvida pelo autor.
A narrativa é contada em terceira pessoa, apesar de seguirmos na maior parte do tempo a Milla. Assim como ela, vamos conhecendo todo o grupo com quem ela foi trabalhar, o Esquadrão. Composto pelo criminologista Goran Gavila, considerado o melhor profissional e estudioso no assunto, um civil que é professor universitário e trabalha para o FBI como consultor em casos mais complicados. Klaus Boris, um especialista em interrogatório, agente especial do FBI que já serviu ao exército dos EUA; Sarah Rosa, especialista em informática é uma mulher de temperamento difícil e que bate de frente com Milla, a novata. Stern, o mais velho do grupo, e de patente mais alta, é um agente de informações. E, por último, Roche, o que dá as ordens, o chefe do Departamento de Ciências Comportamentais da Polícia Federal. Porém, o grupo era guiado por Gavila, por sua experiência e intuições.
"Costumamos chamá-los de monstros porque nós os vemos como pessoas distantes de nós, porque queremos que sejam "diferentes" - dizia Goran em seus seminários. - No entanto, são semelhantes em tudo e por tudo. Mas preferimos reprimir a ideia de que um semelhante seja capaz de tudo isso, em parte para absolver nossa própria natureza."
A história já começa mostrando uma descoberta do grupo. Eles estão investigando um serial killer que sequestrou 6 meninas entre 7 e 13 anos, e a história começa com a descoberta de 6 braços esquerdos encontrados enterrados em um bosque. Até o momento eles sabiam de 5 meninas e foram surpreendidos com a descoberta de 6 braços de 6 meninas diferentes. Quem é a menina número 6?
A narrativa se divide em 3 cenários. Um mostra o envio de relatórios sobre um prisioneiro enviado pelo diretor de um presidio para o Procurador-geral. O autor não dá detalhes, apenas mostra os relatórios enviados.
Em outro aparecem duas pessoas conversando, que parecem ser crianças e que estão presas.
Nesses dois aparecem pequenas partes, sem o autor se aprofundar.
E o outro é a investigação.
Assuntos paralelos são acrescentados e o autor consegue mesmo assim nos manter focados na história principal. Seguimos os investigadores e as conclusões que eles encontram, passo a passo. Quando a investigação está concluída, o autor nos surpreende, e nos vemos novamente em uma montanha-russa com fatos, pessoas e acontecimentos.
Prepara-se para viver momentos intensos e curta a leitura, e, acima de tudo, não espere uma experiência tranquila.
Esse é o primeiro livro do autor, sua primeira história lançada. Carrisi tem mais um livro lançado no Brasil, e se O Aliciador foi o primeiro e ele apresentou essa historia com um enredo enxuto, uma história forte e bem desenvolvida e fechou tudo muito bem costurado, fico imaginando os próximos livros quando ele já adquiriu mais experiência.
Indico o livro para todos os amantes do gênero policial investigativo e de suspense psicológico. Não leia se você não está preparado para emoções fortes.
Essa história entrou para o meu top 10. A vontade que dá após terminar a leitura e começar de novo imediatamente. Caso se interesse em ler, vai entender porque eu digo isso.
"O serial killer tenta nos contar uma história com o que faz: a história de seu conflito interior."
DONATO CARRISI é um italiano, nascido em Martina Franca, no ano de 1973. Além de escritor, é roteirista e jornalista. É formado em Direito e especialista em criminologia e comportamentologia. Já publicou 7 livros, sendo 2 lançados no Brasil. (Fonte Wikipédia)
Publicados no Brasil:
2010 - O Aliciador
2013 - Tribunal das almas