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quinta-feira, 17 de maio de 2018

Resenha: O aliciador (Donato Carrisi)



LIVRO: O ALICIADOR
AUTOR: DONATO CARRISI
EDITORA RECORD


Esse livro estava na minha lista há muito tempo, muito tempo mesmo e não sei o por quê dele ir ficando para depois se é um enredo que me agrada. A única coisa que tenho para lamentar é o fato de ter empurrado a leitura por todo esse tempo. É uma história super envolvente, nada linear e que muitas vezes dá uma sensação de tontura, porque muda tudo que você pensava muito rapidamente. Tudo que acreditava, tudo que jurava ser a verdade, as personagens que iam sendo incluídas e acreditava, ou não, nos seus depoimentos; tudo muda e te deixa com a sensação de que perdeu alguma coisa e quer voltar alguns parágrafos para tentar entender. E ver que  não perdeu nada, está tudo lá. A questão é que acreditava nos fatos errados, nas pessoas erradas e continua lendo e quando nota o livro acabou. E dá vontade de ler de novo. Eu reli os três últimos capítulos por não querer acreditar no que o autor fez. Isso parece ruim? Não é! É ótimo ser surpreendida se a história no final se costura perfeitamente, e é esse o caso desse livro.


Existe uma personagem "principal", a Mila Vasquez. Ela nos leva a conhecer os outros personagens e o caso em que estão trabalhando e no qual ela foi convocada a ajudar, uma vez que é uma especialista em traçar perfis psicológicos e encontrar crianças desaparecidas. Coloquei o principal entre aspas porque os outros personagens também tem a participação bem desenvolvida pelo autor. 


A narrativa é contada em terceira pessoa, apesar de seguirmos na maior parte do tempo a Milla. Assim como ela, vamos conhecendo todo o grupo com quem ela foi trabalhar, o Esquadrão. Composto pelo criminologista Goran Gavila, considerado o melhor profissional e estudioso no assunto, um civil que é professor universitário e trabalha para o FBI como consultor em casos mais complicados. Klaus Boris, um especialista em interrogatório, agente especial do FBI que já serviu ao exército dos EUA; Sarah Rosa, especialista em informática é uma mulher de temperamento difícil e que bate de frente com Milla, a novata.  Stern, o mais velho do grupo, e de patente mais alta, é um agente de informações. E, por último, Roche, o que dá as ordens, o chefe do Departamento de Ciências Comportamentais da Polícia Federal. Porém, o grupo era guiado por Gavila, por sua experiência e intuições.

"Costumamos chamá-los de monstros porque nós os vemos  como pessoas distantes de nós, porque queremos que sejam "diferentes" -  dizia Goran em seus seminários. - No entanto, são semelhantes em tudo e  por tudo. Mas preferimos reprimir a ideia de que um semelhante seja capaz de tudo isso, em parte para absolver nossa própria natureza."

A história já começa mostrando uma descoberta do grupo. Eles estão investigando um serial killer que sequestrou 6 meninas entre 7 e 13 anos, e a história começa com a descoberta de 6 braços esquerdos encontrados enterrados em um bosque. Até o momento eles sabiam de 5 meninas e foram surpreendidos com a descoberta de 6 braços de 6 meninas diferentes. Quem é a menina número 6?

A narrativa se divide em 3 cenários. Um mostra o envio de relatórios sobre um prisioneiro enviado pelo diretor de um presidio para o Procurador-geral. O autor não dá detalhes, apenas mostra os relatórios enviados.
Em outro aparecem duas pessoas conversando, que parecem ser crianças e que estão presas.
Nesses dois aparecem pequenas partes, sem o autor se aprofundar.
E o outro é a investigação.

Assuntos paralelos são acrescentados e o autor consegue mesmo assim nos manter focados na história principal. Seguimos os investigadores e as conclusões que eles encontram, passo a passo. Quando a investigação está concluída, o autor nos surpreende, e nos vemos novamente em uma montanha-russa com fatos, pessoas e acontecimentos. 

Prepara-se para viver momentos intensos e curta a leitura, e, acima de tudo, não espere uma experiência tranquila.


Esse é o primeiro livro do autor, sua primeira história lançada. Carrisi tem mais um livro lançado no Brasil, e se O Aliciador foi o primeiro e ele apresentou essa historia com um enredo enxuto, uma história forte e bem desenvolvida e fechou tudo muito bem costurado, fico imaginando os próximos livros quando ele já adquiriu mais experiência.

Indico o livro para todos os amantes do gênero policial investigativo e de suspense psicológico. Não leia se você não está preparado para emoções fortes.
Essa história entrou para o meu top 10. A vontade que dá após terminar a leitura e começar de novo imediatamente. Caso se interesse em ler, vai entender porque eu digo isso.

"O serial killer tenta nos contar uma história com o que faz: a  história de seu conflito interior."



DONATO CARRISI é um italiano, nascido em Martina Franca, no ano de 1973. Além de escritor, é roteirista e jornalista. É formado em Direito e especialista em criminologia e comportamentologia. Já publicou 7 livros, sendo 2 lançados no Brasil. (Fonte Wikipédia)

Publicados no Brasil:

2010 - O Aliciador
2013 - Tribunal das almas





domingo, 29 de abril de 2018

Tag #1 - Vinte fatos literários sobre mim

20 FATOS LITERÁRIOS SOBRE MIM


Voltando ao blog com uma tag que vi no Facebook da Elisangela Domingos. Com umas pequenas mudanças.

Vamos responder?


1) SOU FÃ INCONDICIONAL DO AUTOR(A):

Gosto da maioria dos livros de Stephen King, Ken Follett, Dan Brown, J.K. Rowling, Agatha Christie e Colleen McCullogh. Não posso afirmar que seja "incondicional" uma vez que, cada um deles tem pelo menos uma história que eu não tenha gostado, mas com certeza, as histórias desses autores que eu li gostei imensamente, muito mesmo, então por isso são meus preferidos. As histórias boas não são mais ou menos boas, são ótimas!

2) COMPREI PELA CAPA:

A Menina Submersa e O Demonologista. Sim, os dois da Darkside Books que faz umas edições maravilhosas.
A Menina Submersa eu já li, ou pelo menos tentei ler, mas não rolou. Chatooo demais. A história não conseguiu me prender, tentei quase até a metade do livro, mas desisti.
O Demonologista ainda não li, mas vejo muitas boas críticas sobre ele e é uma história que mais me interessa. Quando eu ler volto aqui para marcar com o link da resenha.

3) LEITURA QUE MAIS CUSTOU TEMPO:

A Dança da Morte, de Stephen King. Levando em consideração que é uma livro grande (1.568 páginas) e que estava lendo outros livros ao mesmo tempo, até que um ano não foi tanto tempo assim! Sim...levei um ano lendo esse livro que se tornou um dos meus grandes preferidos.

4) NÃO SUPORTO O GÊNERO LITERÁRIO:

Livros de autoajuda.

5) AMO O PERSONAGEM:

O vilão recorrente de Stephen King;
Robert Langdon, do Dan Brown.
Os personagens históricos de Ken Follett: Conde Fitz, Lady Maud, Gus Dewar, Ethel, Merthin, Caris, Gwenda, Ralph.
Padre Ralph de Bricassard e Meggie Cleary, de Colleen McCullough
Cormoran Strike e Robin, da J.K.Rowling. E como deixar de fora Harry Potter, Hermione Granger e Ron Weslley?
Hercule Poirot e Miss Marple, de Agatha Christie.
Muito difícil citar apenas um como o preferido.

6) MINHAS 3 EDITORAS FAVORITAS:

Darkside Books pelas edições caprichadas e releitura de grandes clássicos.
Suma de Letras, por editar os livros de Stephen King.
Arqueiro, por ter Dan Brown, Ken Follett, Harlan Coben, Joe Hill, John Verdon, entre tantos outros. Acredito que atualmente seja a editora que tem mais autores interessantes atualmente.

7) NUNCA LI E ME ENVERGONHO DISSO:

Grandes clássicos que por já conhecer a história fui sempre empurrando para o final da fila de leitura, como por exemplo: O conde de Monte Cristo, Guerra e Paz, O corcunda de NotreDame, e outros assim nessa linha que pretendo ler durante os próximos dois anos.

8) COLECIONO:

Livros (lidos e não lidos) Lidos quando a leitura me interessou muito, senão estou trocando. Menos dos meus autores favoritos. E os não lidos que aumenta a cada dia e que pretendo diminuir bastante essa conta nos próximos anos. Apesar de que novos bons livros não param de ser lançados (Ainda bem!)

9) MARCO PÁGINAS COM:

Qualquer coisa que não estrague o livro, e como tenho lido muito mais e-reader atualmente, não preciso usar nada para isso.

10) LEIO AO MESMO TEMPO:

Qualquer livro da minha lista. Me deu vontade de ler e ainda não terminei um anterior, já pego e pelo menos inicio para ver se a história vai me interessar.

11) LENDO NO MOMENTO:

- O bicho-da-seda, de Robert Galbraith (vulgo, J.K.Rowling)
- O condenado, de Bernard Cornwell
- Slade, de Laurann Dohner
- Tripulação de esqueletos, de Stephen King
- Como escrever um romance de sucesso, de Albert Zuckerman

12) JÁ ABANDONEI A LEITURA DE:

- O senhor das moscas, de Willian Golding
- Quase memórias, de Carlos Heitor Cony
- O inferno de Gabriel, de Sylvain Reynard
- Caixa de pássaros, de Josh Mallerman
- A menina submersa: memórias, de Caitlín R. Kiernan.

13) TATUAGEM LITERÁRIA:

Tenho quatro, infelizmente nenhuma literária. Não consegui ainda encontrar alguma que tenha gostado, talvez pelo fato de exigir muito por ser de um tema que amo tanto.

14) TENHO VÁRIAS EDIÇÕES:

Duas edições de O Iluminado, de Stephen King.

15) MEU GÊNERO LITERÁRIO FAVORITO:

Suspense policial, suspense psicológico e terror.

16) NUNCA ME PRESENTEIE COM O LIVRO:

Qualquer um de autoajuda e romances repletos de dramas.

17) GERALMENTE LEIO OUVINDO:

Por escolha, nada.

18) LI MAIS DE UMA VEZ:

O Iluminado, de Stephen King.
Carrie, a estranha, de Stephen King.
O pistoleiro, vol 1 de A Torre Negra, de Stephen King,
Por enquanto, que me lembre, somente esses.

19) NUNCA LI, NUNCA LEREI:

Nunca digas, dessa água não beberei.

20) MINHA PRÓXIMA LEITURA:

Qualquer um da minha lista para ler. Um com certeza será o segundo volume de A Torre Negra, de Stephen King.


terça-feira, 24 de março de 2015

Resenha - MEMÓRIAS DE UM VENDEDOR DE MULHERES (Giorgio Faletti)

Livro: Memórias de um vendedor de mulheres
Autor: Giorgio Faletti
Editora Intrinseca

Tornei-me fã de Giorgio Faletti quando ainda estava lendo seu primeiro livro publicado, EU MATO e como curiosidade natural quis ler os outros livros do autor publicados no Brasil.
“Memórias de um vendedor de mulheres” é o terceiro livro escrito por ele e o segundo publicado no Brasil. Não me perguntem o porquê de no Brasil não terem seguido a ordem correta de publicação de suas obras. Mas isso nem importa porque seus livros são histórias únicas, infelizmente ou felizmente, sem continuação. Felizmente porque sinto falta de livros únicos com essa febre de trilogias e sagas da atualidade, e infelizmente porque todos os seus personagens vão deixar muitas saudades e é assim também nesse livro quando várias vezes, senão todas às vezes, me vi torcendo pelo cafetão, malandro e cínico personagem principal. Livros com personagens carismáticos, porém desse calibre, acho que afeta nossa moral.

Giorgio, se me permite a intimidade, nos prende aos seus livros logo no prólogo, na primeira página e no caso dessa história, na primeira frase, quando ele já lança a bomba: 
"Eu me chamo Bravo e não tenho pau."  (Pág. 7)
Em uma simples primeira frase ele já faz com que questionemos: “Como assim?”, “Por quê?”, “O que houve” e seguimos a leitura já logo de início com várias perguntas.
O mote principal do livro não é o fato do autor nos apresentar um personagem eunuco, isso é um detalhe - importante porque a curiosidade de qualquer pessoa frente a esse fato é evidente -, mas a história de vida dele é muito mais rica e profunda do que apenas isso. Ninguém sabe seu nome verdadeiro, ninguém conhece sua história de vida, não sabem de onde ele veio e poucos sabem que ele ganha a vida vendendo sexo. E como o título nos mostra, trata-se de Memórias, um Diário da vida de um vendedor de mulheres, e o autor nos apresenta o personagem contando sua vida antes, durante e depois, não seguindo exatamente essa ordem. E assim, o autor nos leva hipnoticamente, suavemente e muitas vezes, ansiosamente pela vida desse homem enigmático.

Muitos personagens desfilam pela história, uns vão e voltam, outros passam rapidamente e outros são decisivos. Nós conhecemos cada um deles, gostamos deles, odiamos, duvidamos e algumas vezes decidi não formar mais uma opinião sobre alguns e deixar o autor me apresentar com medo de alguma outra surpresa. Os personagens são sempre intensos, e o autor nos apresenta cada um deles com suas qualidades e defeitos sempre bem definidos, o problema é que na história uma qualidade pode vir a ser um grande defeito... e seguimos nos surpreendendo.

A escrita do autor é fluida e ele sempre nos deixa na dúvida de algo muito importante que alguém, geralmente o personagem principal, descobriu. Ele passa para a cena seguinte com o personagem resolvendo uma questão sem nos explicar como ele chegou aquela conclusão e o porquê dele estar agindo daquela maneira, mas quem já está acostumado com a escrita do autor se deixa levar porque lá na frente ele vai explicar tudo sem deixar nenhuma aresta solta. E temos vontade de voltar e reler o livro assim que terminamos de ler a última palavra.

A história começa no ano de 1978 na época em que a Itália vivia dias conturbados pelo sequestro do ex-primeiro ministro Aldo Moro. O país vivia um conflito político e ameaçado pela Máfia. Claro que eu fui procurar no Google e essa história é verídica. Nos anos 1980 a rica sociedade milanesa estava entregue aos prazeres da vida, prazeres excessivos envolvendo mulheres, drogas, jogos e bebidas. Nesse ambiente, entre restaurantes de luxo, discotecas, cassinos clandestinos e cabarés onde desponta uma nova geração de comediantes, é aonde esse homem enigmático conhecido por Bravo conduz seus negócios.

Tudo parece andar muito bem para Bravo até o momento que surge em sua vida uma mulher misteriosa, Carla, que volta a despertar em Bravo sensações que ele acreditava que não existiam mais em sua vida. Ele a contrata como uma de suas mulheres e de uma hora pra outra se vê envolvido em perseguições, mistérios, intrigas, que jamais poderia prever em sua vida. E no meio disso tudo, seu passado resolve lhe cobrar presença e ele se vê forçado a encarar fatos e/ou pessoas que deixou para trás quando resolveu seguir sua vida na escuridão das ruas italianas.
Passado e Presente passam a confrontá-lo e a maneira como ele vai encarar esse novo fato em sua vida depende totalmente de como poderá ser o seu Futuro. Não tem como escapar, o único jeito é encarar e tentar resolver problemas deixados para trás. O Passado sempre volta para assombrar caso tudo não fique resolvido dia após dia.

E mais uma vez, Giorgio Faletti me brindou com uma história envolvente e personagens cativantes.
A esperança agora é que os outros títulos do autor já publicados na Itália sejam traduzidos e lançados no Brasil.
'Tudo começou quando entendi que havia mulheres dispostas a vender o próprio corpo para conseguir dinheiro e percebi que havia homens dispostos a gastar o próprio dinheiro para ter aqueles corpos. É necessário avidez, rancor e cinismo para ficar no meio dessa troca. Eu tinha os três."  (Pág. 9)
 "Eu gostaria de explicar, que na verdade, os livros são uma maldição. Os otimistas estão convencidos de que, lendo livros, combatem a própria ignorância, os realistas sabem que têm apenas uma prova da própria ignorância. A medida da falta de conhecimento é, na verdade, o que distingue as pessoas. A idade, o dinheiro e a aparência não têm importância alguma: a verdadeira diferença está na ignorância." (Pág. 93)
 "Os dois corpos nus sobre o leito se entrelaçam e se movem, oferecendo mutuamente todos os tipos de veneno e seus antídotos exatos. Fico sentado, observando, procurando absorver como uma planta o oxigênio da respiração dos dois. Imóvel, feito do mesmo mármore das estátuas, diante daquele gesto sexual realizado por quem não pode ver no lugar de quem não pode mais executá-lo."  (Pág. 114)

Sobre o autor: 

Giorgio Faletti, nascido em Asti, no Piemonte, em 1950, com formação em Direito, tornou-se cantor, compositor e comediante de televisão. EU MATO, seu primeiro livro, foi lançado em 2002, permaneceu mais de um ano nas listas dos mais vendidos na Itália e foi traduzido para 25 idiomas. Todos os seus títulos publicados são Best-sellers. 
O autor faleceu em 04 de julho de 2014.
 
Títulos publicados no Brasil:

- Eu mato (2010)
- Eu sou Deus (2011)
- Memórias de um vendedor de mulheres (2012)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Resenha: O Iluminado (Stephen King)


Livro: O iluminado
Autor: Stephen King
Editora: Ponto de leitura


O ILUMINADO é o terceiro livro escrito por Stephen King. Originalmente lançado em 1977 e até hoje republicado. Esse foi o romance que lançou King no rol dos grandes escritores e marca o início de sua carreira de sucesso e o título de mestre do terror.


Eu já havia lido esse livro em mil novecentos e não importa quanto, mas resolvi re(ler) agora e porque não escolher justamente o mês das bruxas, outubro, para re(viver) essa história e assim me preparar para novembro, quando vai ser lançada a sequência: Doutor Sono. Já adquiri na pré-venda e muito em breve voltarei com a resenha dele.

Eu escrevo re(ler) e re(viver) porque podemos ler 10 vezes, ou mais, e sempre será como uma primeira vez. O tempo passa, a vida muda, e lemos e sentimos de acordo com o momento atual. Portanto, não me surpreende esse livro ser relançado e manter o sucesso de sempre. É uma das poucas histórias atemporais e que sempre vai valer a pena reler ou para os jovens e novos-jovens, ler pela primeira vez.

Assim como todas as obras de Stephen King, O Iluminado também é uma história de terror psicológico. Ele é mestre em nos apresentar a personagens humanos, tão humanos que são cheios de defeitos e qualidades, dúvidas, ressentimentos, medos diante dos segredos da vida e em busca de sua autoafirmação e autoconhecimento. Como mostra o autor em uma parte do livro, quando ele escreve:

“Certa vez, durante a fase de bebedeira, Wendy acusara-o de ter um desejo de autodestruição, sem possuir a fibra moral necessária para amadurecer um desejo de morte. Então, ele criara meios pelos quais outras pessoas pudessem destruí-lo, arrancando aos poucos pedaços de si mesmo e de sua família. Seria verdade? Temia, em seu íntimo, que o Overlook pudesse ser, exatamente, o que ele precisava para terminar o espetáculo. Estava se entregando? Por favor, meu Deus, não, não permita que seja assim. Por favor.” (Pág. 246)

Nesse livro temos Jack Torrance, um pai de família que luta para alcançar seus sonhos e, ao mesmo tempo, sustentar sua família composta por Wendy, sua esposa, uma típica esposa americana de classe média, que abriu mão de realizar-se pessoal e profissionalmente para viver para o marido e o filho, Danny. E que apesar de todas as dificuldades e, porque não dizer, maus tratos, é incapaz de deixar o marido porque acha que não teria como se sustentar. Wendy vem de uma família problemática, com uma mãe que em várias passagens do livro retorna a seus pensamentos a deixando angustiada já que mesmo tendo se afastado não consegue se livrar do “fantasma” de tudo que passou com ela. E conhecemos, Danny, um menininho de 6 anos de idade que tem um dom especial, ele “lê” pensamentos e pode ver imagens do passado, presente e futuro. Uma voz o persegue para lhe mostrar fatos que Danny desconhece, e Danny chama essa voz de Tony, que seus pais classificam como um amigo imaginário do filho. Mas para Danny, Tony é real apesar dele não conseguir ver nitidamente o “amigo”. Nos momentos que Danny chama por Tony, ou que Tony resolve aparecer para falar com Danny, o menino é transportado para uma outra dimensão e fica como se estivesse catatônico e, muitas vezes, sofre com convulsões. Mas, como vamos ver, Danny é o iluminado do título, ele tem um poder especial, e esse poder vai fazer com que forças do mal que estavam adormecidas, despertem e o queiram para que fiquem ainda mais fortes e poderosas. Essas ‘forças do mal’ residem no hotel em que a família vai morar por um longo inverno, o hotel que contrata Jack Torrance como zelador, depois dele ter sido demitido do emprego anterior de professor, com uma vida estável e aparentemente tranquila, após agredir cruelmente um aluno na saída da escola.

“Entraram juntos, deixando o vento gritar em tom baixo, pelo resto da noite – um som que acabariam por conhecer bem. Flocos de neve dançavam e giravam pela varanda. O Overlook enfrentava-a, como sempre o fizera por aproximadamente três quartos de século, as janelas escuras no momento forradas de neve, indiferente ao fato de que agora estava isolado do mundo. Ou possivelmente estava satisfeito com o quadro. Dentro de sua concha, os três viviam a rotina do anoitecer, como micróbios presos no intestino de um monstro.” (Pág. 282)

Jack, um alcoólatra que decide largar a bebida depois de agredir fisicamente seu filho – ele quebra o braço do menino, após um ataque de fúria. E desesperado, decide largar seus vícios e procurar um novo emprego e ao mesmo tempo poder se dedicar a escrever seu livro. Sim, Jack Torrance tem o desejo de ser um autor de sucesso. Nos deparamos agora com mais uma rotina nos livros de Stephen King. Geralmente, ele tem um personagem autorreferente. Stephen King, um ex-alcoólatra que lutava para sustentar sua família e com o sonho de ser um autor de sucesso. Notou a semelhança? Acredito que em sua vida deva ter aparecido muitos fantasmas, não como os descritos no livro, claro. E espero que ele não tenha chegado ao extremo de Jack, ao agredir seu próprio filho, para assim poder acordar e tentar seguir em frente em busca do seu sonho.

O livro começa com Jack sendo entrevistado para o emprego de zelador do Hotel Overlook. Um amigo dele conseguiu a entrevista, talvez o único amigo que lhe restou. O gerente não gostou de Jack mas não pôde deixar de aceitar a indicação e o contratou. O hotel não funciona durante o inverno, visto que é impossível alguém subir as montanhas, ou mesmo, descer, quando o inverno se torna mais rigoroso, devido à enorme quantidade de neve. Durante o inverno, o hotel Overlook fica isolado do mundo e o zelador deve manter o hotel “vivo”. Não pode deixar de regular as caldeiras, com o risco delas superaquecerem e explodir o hotel. Manter tudo limpo e arejado para que na primavera ele esteja imediatamente pronto para voltar a funcionar. Um trabalho fácil, sem esforço, e Jack e sua família imaginam que vão vier meses tranquilos. Jack, cuidando do pouco trabalho no hotel. Wendy descansando e cuidando do filho e do marido. E Danny que terá um lugar tranquilo e com muito espaço para brincar e gastar suas energias, e quem sabe se livrar de suas convulsões e ficar curado.

Bom... não é isso que o hotel Overlook reserva para eles. Sua intenção é outra, sua intenção é reunir mais força para que nunca deixe seu passado morrer, e Danny é o que eles precisam para conseguir isso. Como diz a sinopse na contracapa do livro: “Overlook é uma chaga aberta de ressentimento e desejo de vingança. O hotel é uma sentença de morte e quer Danny, pois precisa de seus poderes para chegar ao fim.”

Não espere passagens com fantasminhas sem cabeça e/ou desmembrados. Sim, alguns deles aparecem, mas, como sempre, não é esse tipo de terror trash que Stephen King nos propõe. O terror de King vai mexer com o nosso inconsciente, é um terror mais denso, profundo, um terror mental. Ele faz com que nos envolvamos na vida e temores nos seus personagens, que pensemos como eles, torcemos e lutemos com eles. Nossa mente estará junto com Jack, Wendy, Danny e qualquer outro personagem que aparece no livro. Não é à toa que Stephen King é considerado um mestre. Ele guia-nos como ninguém.

Quer viver uma grande aventura? Testar seus limites? Então não deixe de “visitar” o hotel Overlook junto com Danny e sua família. Aguardo você e suas impressões.

“Era um som vivo, mas não eram vozes, nem respiração. Um homem com uma tendência filosófica chamaria de som de almas. A avó de Dick Hallorann, que crescera nas estradas do Sul, anos antes da passagem do século, chamaria de assombração. Um médium teria um nome comprido para isso: eco mediúnico, psicognosia, telepatia. Mas para Danny isto era apenas o dom do hotel, o velho monstro, estalando e cada vez fechando mais o cerco em volta deles: corredores encolhendo em tempo e distância, sombras famintas, hóspedes inquietos que não descansavam em paz.” (Pág. 431)


Um pouco sobre o autor:



Stephen King era um leitor fanático dos quadrinhos EC's horror comics incluindo Tales from the crypt, que estimulou seu amor pelo terror. Na escola, ele escrevia histórias baseadas nos filmes que assistia e as copiava com a ajuda de seu irmão David. King as vendia aos amigos, mas seus professores desaprovaram e o forçaram a parar. 


Seus livros publicados no Brasil são:


1974 - Carrie, a Estranha (Carrie)
1975 - Salem (Salem's Lot)
1977 - O Iluminado (The Shining)
1978 - A Dança da Morte (The Stand)
1979 - A Zona Morta (The Dead Zone)
1980 - A Incendiária (Firestarter)
1981 - Cão Raivoso (Cujo)
1983 - Christine (Christine)
1983 - Cemitério Maldito (Pet Sematary)
1983 - A Hora do Lobisomem (Cycle of the Werewolf)
1984 - A Maldição (Thinner)
1984 - O Talismã (The Talisman, escrito com Peter Straub)
1986 - A Coisa (It)
1987 - Os Olhos do Dragão (The Eyes of the Dragon)
1987 - Angústia (Misery)
1987 - Os Estranhos (The Tommyknockers)
1989 - A Metade Negra (The Dark Half)
1990 - A Dança da Morte (expandida) (The Stand: The Complete & Uncut Edition)
1991 - Trocas Macabras (Needful Things)
1992 - Jogo Perigoso (Gerald's Game)
1992 - Eclipse Total (Dolores Claiborne)
1994 - Insônia (Insomnia)
1995 - Rose Madder (Rose Madder)
1996 - À Espera de um Milagre (The Green Mile)
1996 - Desespero (Desperation)
1998 - Saco de Ossos (Bag of bones)
1999 - A Tempestade do Século (Storm of the Century)
1999 - The Girl Who Loved Tom Gordon (não publicado no Brasil))
2000 - Riding the Bullet (não publicado no Brasil)
2001 - O Apanhador de Sonhos (Dreamcatcher)
2001 - A Casa Negra (Black House, escrito com Peter Straub)
2002 - Buick 8 (From a Buick 8)
2005 - O Rapaz do Colorado (The Colorado Kid)
2006 - Celular (Cell)
2006 - LOVE: A História de Lisey (Lisey’s Story)
2008 - Duma Key (Duma Key)
2009 - Sob a Redoma (Under The Dome)
2011 - Novembro de 63 (11/22/63 - A Novel)
2013 - Doutor Sono

domingo, 16 de novembro de 2014

Alguns lançamentos de Novembro


DOUTOR SONO
 
Autor: Stephen King
Editora: Objetiva (Suma das Letras)
 
Mais de trinta anos depois, Stephen King revela a seus leitores o que aconteceu a Danny Torrance, o garoto no centro de O iluminado, depois de sua terrível experiência no Overlook Hotel. Em Doutor Sono, King dá continuidade a essa história, contando a vida de Dan, agora um homem de meia-idade, e Abra Stone, uma menina de 12 anos com um grande poder.

Assombrado pelos habitantes do Overlook Hotel, onde passou um ano terrível de sua infância, Dan ficou à deriva por décadas, desesperado para se livrar do legado de alcoolismo e violência do pai. Finalmente, ele se instala em uma cidade de New Hampshire, onde encontra abrigo em uma comunidade do Alcoólicos Anônimos que o apoia e um emprego em uma casa de repouso, onde seu poder remanescente da iluminação fornece o conforto final para aqueles que estão morrendo. Ajudado por um gato que prevê a morte dos pacientes, ele se torna o “Doutor Sono”.
 
Então Dan conhece Abra Stone, uma menina com um dom espetacular, a iluminação mais forte que já se viu. Ela desperta os demônios de seu passado e Dan se vê envolvido em uma batalha pela alma e sobrevivência dela. Uma guerra épica entre o bem e o mal, uma sangrenta e gloriosa história que vai emocionar os milhões de fãs de O Iluminado e satisfazer os leitores deste novo clássico da obra de King.

Fonte: Editora Objetiva


O BICHO-DA-SEDA
Uma história do detetive Cormoran Strike
 
Autor: Robert Galbraith (pseudônimo de J.K.Rolling)
Editora: Rocco


Sob o pseudônimo de Robert Galbraith, a criadora do universo fantástico do bruxinho Harry Potter brinda os leitores com mais uma aventura do detetive particular Cormoran Strike, apresentado ao público em O chamado do Cuco, que vendeu mais de 125 mil exemplares no Brasil e alcançou as principais listas dos mais vendidos do país e do mundo. Em O bicho-da-seda, Strike investiga o desaparecimento do escritor Owen Quine, conhecido por seu temperamento difícil. Em uma trama envolvente, a autora reúne elementos que agradam aos fãs de histórias policiais: assassinato, loucura, vingança e uma boa dose de ação.
 
Quando Leonora, mulher de Owen, bate à porta do escritório de Strike pedindo ajuda para encontrar o marido desaparecido, o detetive decide aceitar o serviço, mesmo desconfiando de que seria difícil receber seus honorários. O que parecia um caso simples de desaparecimento proposital se revela um assassinato com requintes de crueldade: o corpo do escritor é encontrado em circunstâncias chocantes, reproduzindo a cena final de seu último livro, Bombyx Mori, ainda inédito e considerado impublicável pelos editores.
 
A investigação de Strike se concentra nas pessoas que teriam acesso ao manuscrito. Além de Leonora, estão na lista a amante de Owen, Kathryn Kent; a agente dele, Elizabeth Tassel; o editor, Jerry Waldegrave; o dono da editora que publica as obras de Quine, Daniel Chard; a aluna do escritor em um curso de redação, Pippa Midgley; e o autor Michael Fancourt, que foi muito amigo de Owen mas cortou relações com ele depois de uma briga. Todos com um motivo em comum para odiar Quine: mesmo com os nomes trocados, podem ser reconhecidos nas descrições humilhantes dos personagens do universo grotesco de Bombyx Mori.
 
Enquanto a polícia está quase certa de que Leonora é a culpada pela morte de Quine, os instintos de Strike dizem o contrário. Teria o detetive perdido a capacidade de analisar os fatos friamente e se deixado levar pela piedade despertada por uma viúva que cuida da filha com problemas mentais? A história de Bombyx Mori não passa de uma vingança do autor contra todos que o atormentavam ou esconde a chave para solucionar o crime? Siga as pistas deixadas por Robert Galbraith e saboreie as surpresas que levam ao fim do mistério.
 
 
 
 
FOGO FÁTUO
 
Autor: Patricia Melo
Editora: Rocco
 
O superficial mundo da fama e a pesada rotina do submundo policial são os fios narrativos do novo romance de Patrícia Melo, um dos nomes mais importantes da literatura brasileira e com uma carreira de sucesso também no exterior, com obras traduzidas e premiadas em diversos países. Encenado numa São Paulo contemporânea e degradada, Fogo-Fátuo traz à tona a combustão apodrecida dos cadáveres, dos relacionamentos e do caráter humano, numa trama ágil, de imagens fortes e estilo mordaz. Dele emerge a primeira detetive da carreira de Patrícia Melo, a perita Azucena.  É ela quem conduz a investigação da morte do ator Fábbio Cassio, em pleno palco, e revela a cortina de intrigas e mentiras que envolve o caso.
Ator cuja fama nunca foi proporcional ao reconhecimento da crítica, Fábbio vive um relacionamento falido com uma aspirante ao sucesso, Cayanne. Refém da imprensa, ele sofre com o assédio inclemente dos jornalistas, que questionam a sua fama e acompanham os altos e baixos do seu relacionamento. Fábbio está em cartaz no teatro com uma peça que dá título ao romance e, segundo a crítica, faz um suicida risível. Além de Cayanne, convivem com o ator o cão Godzilla, resgatado de um acidente e morto por atropelamento em circunstâncias curiosas, e Olga, uma mãe alegre, de personalidade forte e protetora.
Azucena, recém-separada, duas filhas, é apoiada por seus pais, Damaso, ex-delegado aposentado cuidado pela mulher, e Jandira, melhor avó do que mãe. Seguindo as pistas da morte misteriosa do ator, Azucena descobre podridões que emergem dos personagens e seus meios. Fugaz e misterioso, como a chama que o nomeia, Fogo-Fátuo prende o leitor enquanto o leva a reflexões sobre a decrepitude dos relacionamentos contemporâneos e as várias faces da violência.
 
 
 
 
A HERANÇA
 
Autor: John Grismhan
Editora: Rocco
 
O mais novo thriller de John Grisham conduz o leitor de volta ao maior sucesso de sua carreira, Tempo de matar.  Dessa vez, o advogado Jack Brigance está envolvido em mais um julgamento polêmico, capaz de trazer à tona velhas tensões raciais e desenterrar detalhes nebulosos do tortuoso passado da pequena cidade de Ford County.  O livro está há mais de 25 semanas na lista dos mais vendidos do The New York Times.

Desiludido com o direito e às voltas com inúmeros problemas financeiros, Jake Brigance procura um meio de sobreviver ao caos em que sua vida se transformou após o julgamento de Carl Lee Hailey, em 1985. E agora, passados três anos, Jake trata de pequenos casos em Clanton, uma cidade esquecida no Mississippi.

Mas a paixão de Jake é renovada quando recebe pelo correio um inesperado pedido. Seth Hubard, recluso morador de Clanton, se suicidou no domingo, mas na véspera enviou para o advogado seu testamento, escrito à mão e com ordens claras: os seus bens devem ser divididos entre um irmão há muito desaparecido, a sua igreja, e Lettie Lang, sua empregada. Nada para seus filhos e netos. A guerra está começando e a fúria aumenta quando é descoberto que o espólio de Seth passa de 20 milhões de dólares.

Jake, mais uma vez, está no olho do furacão. O jovem advogado tem que defender seu cliente, ao mesmo tempo que tenta rearrumar sua vida. Os filhos de Seth contratam advogados para contestar o testamento. O argumento é simples: o pai estava muito doente e tomando fortes medicamentos, por isso não estaria raciocinando com clareza. Além disso, o fato de Lettie ser negra e possuir uma família problemática, em um Mississippi racista e preconceituoso, não parece favorecer o caso para Jake.

Em A herança, John Grisham reafirma seu talento para contar histórias. Neste novo sucesso, o autor de bestsellers como A firma e O dossiê pelicano apresenta aos seus fãs uma história de vingança e perdão, com o ritmo único e a riqueza de detalhes que só ele é capaz. Repleta de surpresas e reviravoltas, os fãs se deliciarão com os personagens que reencontrarão na trama: além de Jake, os advogados Harry Rex Vonner e Lucien Willbanks, e o xerife Ozzie Walls estão de volta nesta nova luta por justiça.

Com A herança, Grisham recupera temas que lhe são caros – como preconceito racial, reparação, valor da justiça – em mais um thriller de tirar o fôlego e encantar legiões de fãs.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Resenha - EU SOU DEUS (Giorgio Faletti)

Livro: Eu sou Deus
Autor: Giorgio Faletti
Editora Intrinseca

Nesse segundo livro de Giorgio Faletti, cujo autor virei fã depois de ler seu primeiro livro (EU MATO) , nos vemos fazendo uma viagem entre passado e presente para que ele, o autor, possa nos apresentar todos os seus personagens e os introduza na história. Como no primeiro livro, Faletti usa muitos personagens e com muita calma e muita vontade vamos reconhecendo-os e os ligando ao seu enredo. Para quem ainda não leu suas histórias e/ou não conhece sua linguagem, encontra dificuldade com tanta minúcia na apresentação de seus heróis (?!). Nesse livro em particular, ele faz isso ainda com mais vontade e confesso que, mesmo já estando um pouco familiarizada com o autor, senti dificuldade em alguns momentos em reconhecer quem era o personagem principal. A história passa do presente para o passado várias vezes e em alguns momentos parei para reler alguma coisa ou fazer contas para ter uma ideia do tempo transcorrido entre um fato e outro. Mas toda essa ansiedade em querer saber quem é quem na história e “dar nomes” aos personagens é minha e eu lido bem com ela. Se você também lida muito bem com sua ansiedade em querer descobrir quem é o assassino e o seu motivo, então se joga nessa história e cuidado mais uma vez para não se apaixonar por algum personagem. Sim, Giorgio Faletti sempre inclui um personagem carismático e imperfeito que faz com que gostemos muito dele.
Nessa história, temos nessa linha, Russel Wade, um jornalista decadente, autodestrutivo e que vive assombrado por fantasmas do passado. Ele, junto com a detetive Vivien Light, vão em busca da solução para os enigmas que se postam diante deles.
Duas pessoas improváveis que se unem, sem querer, depois de um primeiro encontro onde cada um está de um lado da lei.
"Vivien se viu cercada pelo ar suave daquela tarde de primavera. Desceu os poucos degraus e teve, à direita, uma breve visão de Russel Wade e de seu advogado desaparecendo no interior de uma limusine com motorista. O carro se moveu, desfilando diante dela. O hóspede daquela noite no Plaza havia tirado os óculos, e seus olhos se cruzaram através da janela aberta. Vivien penetrou por um instante num par de olhos escuros e ficou espantada com a tremenda tristeza que encontrou dentro deles. Depois o carro seguiu em frente e aquele rosto desapareceu no trânsito, por trás do vidro elétrico. Por um instante, dois planetas que habitavam os confins da galáxia se tocaram, mas logo a distância foi restabelecida pela simples barreira de um vidro escuro." (Pág. 76)
Aos poucos, o autor, vai desvendando os personagens e seus mistérios e assim vai nos envolvendo por sua narrativa fazendo com que não tenhamos vontade de parar de ler até que tudo se encaixe perfeitamente, o que acontece. O autor vai costurando os fatos maravilhosamente bem e fecha muito bem a história.

Nesse livro o serial killer que mantém Nova York sob ameaça, não é um serial killer comum. Aparentemente não existe um modus operandi para suas ações levando a crer que talvez tenha mais de um assassino a solta. E isso pode ser verdade.

Tudo começa após a descoberta de um corpo que foi encontrado em uma obra. Um corpo emparedado há milhares de anos e com uma única foto que pode levar a detetive ao assassino. Uma cidade como Nova York que vive crescendo, com diversas construções todos os dias é o cenário para uma série de crimes de terror.  Os protagonistas dessa história tem que correr contra o tempo para desvendar os mistérios, ligar os fatos e pessoas e assim evitar que um simples botão acaba com a vida de milhares de inocentes.

Em meio a todo o caos, três pessoas são ligadas pelo assassino, cada uma a sua maneira. A detetive Vivien Light, por seu trabalho. Russel Wade por ter uma prova crucial em suas mãos e o padre Michael McKean, que acaba envolvido na história quando o assassino resolve se confessar e assim se livrar de seus pecados. O padre vive a partir desse momento um conflito entre seus votos como padre e seu dever como cidadão. Vidas dependem da decisão que o padre tomará, sendo sua decisão de guardar para si, e Deus, o que sabe ou até mesmo de contar para as autoridades tudo o que lhe foi revelado na privacidade de um confessionário.

Giorgio Faletti mais uma vez merece nota máxima por nos manter envolvidos com sua história e por nos fazer pensar e (re)avaliar conceitos.
"Li em algum lugar que, se o Sol se apagasse bruscamente, sua luz ainda chegaria à Terra por mais oito minutos antes de tudo mergulhar na escuridão e no frio do adeus." (Pág. 11)
"Depois, os gritos, a poeira dos carros que se abalroam, e as sirenes que avisam que para muitas pessoas atrás de mim os oito minutos chegaram ao fim.
Esse é o meu poder.

Esse é o meu dever.
Esse é o meu querer.
EU SOU DEUS."  (Pág. 12)
"Há dois lobos em cada um de nós. Um é o mau e vive de ódio, ciúme, inveja, ressentimento, falso orgulho, mentiras, egoísmo.
- E o outro?

- O outro é o lobo bom. Vive de paz, amor, esperança, generosidade, compaixão, humildade e fé.
- E qual dos dois vence?
- Aquele que você alimentar melhor."  (Pág. 73)
"Enquanto caminhava, percebeu que seu problema era o mesmo de todas as pessoas que se moviam naquela rua, naquela cidade e naquele mundo, com a presunção de que viviam e com a certeza de que iriam morrer. Infelizmente, não havia nenhum mundo alternativo, e nenhum deles, por mais que se enganasse com a ilusão de poder fazer o tempo durar mais um pouco, tinha na verdade tempos suficiente." (Pág. 85)

Sobre o autor: 

Giorgio Faletti, nascido em Asti, no Piemonte, em 1950, com formação em Direito, tornou-se cantor, compositor e comediante de televisão. EU MATO, seu primeiro livro, foi lançado em 2002, permaneceu mais de um ano nas listas dos mais vendidos na Itália e foi traduzido para 25 idiomas. Todos os seus títulos publicados são Best-sellers.  O autor faleceu em abril de 2014.

Títulos publicados no Brasil:

- Eu mato (2010)
- Eu sou Deus (2011)
- Memórias de um vendedor de mulheres (2012)

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